A fadiga de tomada de decisão surge depois de encararmos centenas de decisões diariamente, desde o que vamos vestir depois de acordar e o que comeremos até as decisões do seu trabalho e de relacionamentos. Não importa o quão focado e disciplinado você seja, uma hora você acaba sofrendo desse problema.
Em poucas palavras, você fica sobrecarregado com o excesso de escolhas que teve de fazer ao longo do dia – e, por vezes, nem se dá conta disso. Por isso, é muito importante entender do que se trata a fadiga de tomada de decisão, a fim de evitá-la ou, ao menos, gerenciá-la.
O que é a fadiga de tomada de decisão
A fadiga de tomada de decisão é um fenômeno psicológico que gira em torno da nossa capacidade de decidir. Segundo essa teoria, a nossa capacidade decisória vai se deteriorando ao longo do dia depois de uma grande quantidade de escolhas que temos que fazer, deixando nosso cérebro fadigado.
E essa fadiga de tomada de decisão se refere a qualquer opção que tenhamos que fazer. Ela acontece tanto para coisas simples como para questões grandes ou complicadas. No entanto, o problema se agrava conforme a complexidade das resoluções aumenta.
É como se cada um de nós tivesse uma quantidade finita de decisões diárias, como uma bateria. Cada escolha vai consumindo um pouco dessa fonte, até que a pessoa fique sem energia o suficiente para resolver qualquer coisa.
O psicólogo social Roy F. Baumeister chama a fadiga de tomada de decisão de esgotamento do ego, em referência a uma hipótese freudiana. Freud especulava que o ego dependia de atividades mentais envolvendo a transferência de energia. Ainda que suas ideias fossem muito vagas a esse respeito – e, por vezes, errôneas – Baumeister trouxe o de volta o modelo de energia do ego ao começar a estudar disciplina mental.
Em resumo, quanto mais decisões você precisa tomar, pior você se sairá ao pesar todas as opções e fazer uma escolha embasada em pesquisa e análise.
Capacidade de tomada de decisões
Como comentado acima, não é tão simples perceber quanto estamos enfrentando fadiga de tomada de decisão.
Mas alguns comportamentos, quando repetidos com frequência, podem ser sinais disso, tais como:
- Procrastinação
- Impulsividade
- Evasão
- Indecisão
- Irritabilidade
- Ansiedades
- Sintomas físicos (como dor de cabeça e problemas digestivos)
A nossa capacidade de tomada de decisões também se reflete muito em nossa força de vontade, que se apresenta limitada e, por isso, acaba acarretando escolhas erradas. Certamente você já experimentou a sensação de estar tão exausto que não consegue tomar uma decisão inteligente.
Em especial quando pensamos em hábitos, a fadiga de tomada de decisão (e o consequente esgotamento da força de vontade) é uma das grandes responsáveis pelo abandono de hábitos bons ou adesão para hábitos ruins.
Na era digital, então, recebemos informações o tempo todo, notificações que consomem nossa atenção constantemente. Com todos esses estímulos competindo, o seu cérebro acabar por desenvolver espécies de atalhos, como procrastinar ou agir por impulso.
Isso porque, à medida que você se cansa de tomar decisões, seu autocontrole também se esgota. Nesse caso, os “atalhos cerebrais” favorecem os ganhos de curto prazo: as decisões são movidas pela necessidade de completar a tarefa. Então, a decisão tomada pode não ser a melhor de todas.
O resultado: problemas emocionais, sensação de fracasso, falta de persistência, falhas no desempenho, paralisia de análise etc. Mas então, como contornar essa situação?
Estratégia 1 – Tome menos decisões
Quanto menos decisões você tomar ao longo do seu dia, menos se esgotará e menos chances terá de ter uma fadiga de tomada de decisão. Para isso, sugiro que você faça o seguinte:
- Use uma lista de tarefas: Ter uma lista de tarefas organizada, com os afazeres hierarquicamente selecionados por prioridade, diminui as decisões aleatórias que enfrentamos diariamente. Use um planner ou apps como Todoist ou Trello para acompanhamento.
- Planeje com antecedência: Inclua na sua rotina noturna um momento para fazer essa lista de tarefas. Você também pode já deixar separada a roupa que vai usar e o que vai comer no café da manhã. Isso também vai melhorar a qualidade do sono, porque você fica mais seguro sobre o dia seguinte.
- Automatize decisões: Encontre maneiras de automatizar tarefas recorrentes, tais como programar débito em conta para contas regulares, ou utilizar o GPS para definir as rotas mais adequadas.
- Delegue atividades: Ao entregar a responsabilidade para outras pessoas, você logicamente reduz a sua necessidade de tomada de decisão, tanto em casa quanto no trabalho.
Estratégia 2 – Tenha um processo de tomada decisão
É impossível passar por um dia sem tomar nenhuma decisão. Por isso, para evitar a fadiga de tomada de decisão você precisa encontrar formas de decidir melhor:
- Use métodos de priorização. Especialmente quando você tem que tomar decisões muito complexas e você tem diversas opções a serem pesadas, é importante que você use alguma ferramenta que o ajude a considerar todos os fatores envolvidos. Uma boa dica é organizar suas prioridades, via Matriz de Eisenhower ou o Método MoSCoW, que permitem eliminar o lado emocional da tomada de decisões.
- Tome as grandes decisões pela manhã. Como você viu, a fadiga de tomada de decisão vai ficando pior com o passar do tempo, devido ao acúmulo de resoluções do dia. Portanto, quanto mais cedo, mais fácil de você fazer boas escolhas, mais fundamentadas e menos impulsivas. Vale a pena entender mais sobre o livro Eat That Frog e sobre o método Ivy Lee.
- Estabeleça prazos. É muito comum que, no final de um projeto, você comece a tomar decisões precipitadas, porque já está desgastado do assunto. Uma solução é criar microprazos em um calendário, que o obriguem a tomar as decisões com antecedência, ao invés de deixar grandes resoluções para o final. Se a sua lista de tarefas (como o Todoist) tiver prazos, melhor ainda.
Estratégia 3 – Crie hábitos e rotinas
Estabeleça uma rotina que simplifique suas decisões, de forma a colocar as escolhas comuns em piloto automático. Por exemplo:
- Tenha sempre um planejamento semanal
- Acorde e vá dormir sempre no mesmo horário
- Mantenha a mesma rotina matinal e noturna, para manter sua produtividade em dia
- Escolha algumas combinações de roupas para variar no trabalho
- Organize um cardápio semanal de almoço e janta e, de preferência, cozinhe em lotes semanais
- Defina dias e horários para exercícios físicos (e não deixe de cumpri-los)
Ao mudar seus hábitos e estabelecer rotinas saudáveis, você irá lidar melhor com a fadiga de tomada de decisão, evitando distúrbios como a ansiedade e a insônia, e conservando sua energia para as coisas que realmente importam.
