Embora se saiba que a técnica de visualização tem sido usada há séculos na busca de metas, ainda há muitas pessoas que duvidam do real potencial dessa ferramenta mental.

No entanto, a ideia de usar a imaginação para trazer à mente eventos, pessoas, objetos e sensações de forma intensa está fundamentada em conhecidos princípios das psicologia e da neuroplasticidade.

O que é a técnica de visualização?

A técnica de visualização envolve construir uma imagem mental muito detalhada que represente uma situação ou experiência que você quer vivenciar, incluindo metas que queira alcançar. 

O objetivo é mudar a maneira como você enxerga e sente essas circunstâncias, a fim de que você seja capaz de abordá-las de maneira diferente e mais bem-sucedida na “vida real”. A técnica de visualização busca:

  • ativar o potencial criativo do seu subconsciente, em busca de seus objetivos.
  • programar seu cérebro para reconhecer os recursos de que você precisa e a ordem em que você precisa deles nesse caminho.
  • construir a motivação que você precisa para prosseguir com os recursos que você tem.

A técnica de visualização costuma ser usada por atletas de alto desempenho, como Lebron James, e, apesar de haver indícios de sua aplicação já na Roma Antiga, ela ficou popular mesmo na década de 1980, quando os atletas russos começaram a usá-la nos Jogos Olímpicos de 1984.

Estrelas de Hollywood também já relataram usar a técnica para se tornarem quem são hoje. Will Smith um dia deu esta declaração: “na minha mente, eu sempre fui uma superestrela de Hollywood. Vocês é que ainda não sabiam.”

Jim Carey, por exemplo, conta que preencheu um cheque para si mesmo no valor de 10 milhões de dólares, datado para 1994. E, em 1994 mesmo, ele de fato recebeu um cheque desse exato valor, pelo seu papel no filme Debi & Loide. 

A técnica de visualização e a psicologia

Esteja você consciente disso ou não, seu cérebro está sempre usando a técnica de visualização. Trata-se de uma simulação do futuro, para que você esteja preparado quando ele de fato acontecer. O que podemos fazer é tirar vantagem dessa capacidade mental. Observe como o cérebro funciona:

Neuroplasticidade

Plasticidade se refere à capacidade de tomar forma, moldar-se. No caso do cérebro, trata-se de criar novos padrões neurais, baseados em novos estímulos sensoriais e informações. Esses estímulos e informações é que não precisam ser experimentados fisicamente – podem ser imaginados.

Neurologicamente falando, não há muita diferença entre visualizar as coisas dentro da sua mente ou no mundo externo. Os pensamentos são capazes de produzir as mesmas instruções mentais – vide seus sonhos e reações a lembranças vívidas.

Caminhos neurais e córtex motor

O neurocientista Stephen Kosslyn, autor do livro Top Brain, Bottom Brain (sem versão em português), afirma que “a visualização ativa as mesmas redes neurais que o desempenho real da tarefa, o que pode fortalecer a conexão entre o cérebro e o corpo”.

Isso quer dizer que o cérebro não distingue entre os caminhos reais e os imaginados e, portanto, é capaz de aprendê-los mentalmente antes de o evento real acontecer. Assim, quando estivermos frente à situação visualizada, nosso corpo já está “ensaiado” para o que deve fazer.

Sistema ativador reticular

Temos um post completo sobre o SAR aqui, mas vale lembrar que o sistema ativador reticular é um feixe de nervos em nosso tronco cerebral e uma das partes mais primitivas de nosso cérebro que filtra as informações desnecessárias deixando passar somente o que é importante. 

A técnica de visualização tira vantagem do SAR na medida em que ensina o cérebro a se concentrar em determinados estímulos. Você se concentra no que deseja, gosta e procura e terá mais chances de encontrar, porque seu sistema ativador reticular estará treinado para identificar aquilo quando se depara com o que você quer em seu campo perceptivo.

5 passos para aplicar a técnica de visualização

  1. Visualize o resultado, mas também o processo

Quando se trata da técnica de visualização não adianta simplesmente mirar onde você quer chegar. Você precisa ensinar o cérebro a chegar lá, ou seja, é necessário que você visualize o processo inteiro, passo a passo, até o resultado final.

  1. Use a perspectiva subjetiva

A técnica de visualização funciona melhor quando você imagina o cenário e o processo do ponto de vista do sujeito, em primeira pessoa, participante, e não como se você estivesse no papel de observador assistindo a si mesmo, de fora. 

  1. Use todos os sentidos

Para ter uma técnica de visualização bem-sucedida, da perspectiva do sujeito, é imperativo que você acione todos os seus sentidos, aguçando sua percepção do cenário criado. 

Além daquilo que você vê, o que pode ouvir? Que cheiros estão no ar? Você está comendo ou bebendo alguma coisa? Qual é a sensação do vento em seu rosto, do solo que você pisa, que roupa você está vestindo? Quanto mais detalhes, melhor.

  1. Seja SMART 
  • Específico (S): escolha um único objetivo em que se focar.
  • Mensurável (M): defina um critério para saber identificar quando o objetivo foi alcançado.
  • Atribuível (A): saiba se há mais alguém (e quem é) que lhe ajudará a atingir seu objetivo.
  • Realista (R): decida de forma realista que objetivos podem ser realizados com os recursos de que você dispõe.
  • Relativo ao tempo (T): estabeleça quando o objetivo pode/deve ser cumprido.
  1. Não se cobre tanto

Por fim, não se censure se não conseguir realizar a técnica de visualização logo de início. A regra é a mesma da meditação: se algo lhe distrair, apenas deixe a distração entrar e sair de seu campo de visualização e volte para o exercício. Com o tempo, vai ficando mais fácil.

Rafael Avila

Rafael Avila

Carioca, empreendedor, sócio fundador da LUZ, professor de Excel, consultor e um apaixonado por produtividade. Acredito no poder que temos de ser as nossas melhores versões todos os dias.

Deixe uma resposta