Pode parecer estranho eu dizer isso, mas você sabia que a autossabotagem é uma maneira que o nosso organismo desenvolveu para autoproteção?

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Sim, quando nos sabotamos, na verdade, nosso subconsciente pode estar tentando maximizar um sentimento positivo imediato (mesmo que ele gere um problema no longo prazo) ou pode estar tentando evitar que sintamos algum tipo de dor ou medo.

O problema é que, como resultado dessa autoproteção, acabamos hesitando em enfrentar novos desafios ou a sair da nossa zona de conforto e, dessa forma, vamos deixando de lado compromissos, planos e sonhos.

No final das contas, a autossabotagem pode gerar uma série de graves problemas para a sua produtividade, para a sua felicidade e para a sua vida pessoal e profissional como um todo. Por isso, eu quero explorar um pouco mais esse problema com você para evitar que ele se desenvolva.

O que é autossabotagem?

A autossabotagem acontece quando a sua mente consciente entra em conflito com a sua mente subconsciente. Por diversas vezes, é a segunda que acaba por vencer a briga e a consequência é você se pegar furando a dieta ou gastando um dinheiro que não podia.

A autossabotagem envolve comportamentos e pensamentos que lhe afastam das coisas que você mais deseja na vida, com aquela voz interna crítica que insiste em dizer que “você não consegue”.

Os motivos de fazermos isso a nós mesmos não estão totalmente explicados. Mas diversos estudiosos da psicologia concordam que há algumas razões que se repetem, tais como baixa autoestima, medo do fracasso (ou até do sucesso), mania de controle, problemas da infância ou em relacionamentos, traumas, entre outros.

Em geral, as pessoas não se dão conta da autossabotagem. E, mesmo quando percebem, nem sempre são capazes de se livrar desse comportamento.

Como reconhecer a autossabotagem?

Identificar que estamos nos sabotando pode ser difícil. Especialmente porque nem sempre existe uma linha temporal ou um gatilho claro, o que torna tal comportamento obscuro.

Mas podemos, de tempos em tempos, parar para examinar se nosso padrão de comportamento está de acordo com os objetivos e metas que traçamos para nós mesmos.

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Um padrão que eu acho útil e que você pode implementar no seu dia a dia é o de se fazer algumas perguntas como por exemplo:

Caso nossos pensamentos e modo de vida não estejam em conformidade com o que buscamos a longo prazo, significa que, provavelmente, estamos nos sabotando ou desenvolvendo algum comportamento autodestrutivo.

Formas mais comuns de autossabotagem?

Por isso, vale a pena ficar de olho nas formas mais comuns de autossabotagem. Aqui eu separei as 7 que na minha opinião vale a pena prestar atenção:

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  1. Procrastinação: acontece quando você fica postergando aquilo que precisa ser feito, deixando para entregar na última hora (ou com atraso!). Você se senta para começar um projeto, mas a motivação simplesmente desaparece e você se percebe fazendo qualquer outra coisa menos importante que o impeça de, efetivamente, cumprir os prazos.
  2. Perfeccionismo: você fica dizendo a si mesmo que não vai começar até que tenha o conhecimento necessário, as ferramentas ideais, o lugar exato, a equipe adequada… E aí, essa hora nunca chega. A perfeição é um padrão impossível de ser alcançado. A verdade é que “feito é melhor do que perfeito” e o “ótimo é inimigo do bom”.
  3. Negativismo: a voz na sua cabeça está sempre lhe criticando. Você nunca faz nada direito. Só decepciona as pessoas que confiam em você. Então, você simplesmente passar a tratar isso como verdade, o que o faz desistir antes mesmo de começar.
  4. Terceirização da culpa: é sempre mais fácil colocar a culpa nos outros quando as coisas dão errado. Mas essa é a maneira mais fácil de não olhar para a sua parcela de responsabilidade quando o resultado não é o esperado.
  5. Fuga: as coisas estão difíceis, então, você vai embora. Seu chefe é muito exigente, você se demite. O relacionamento é trabalhoso, você sai de casa. Os exercícios são cansativos, você abandona o treino. É mais fácil evitar o conflito ou a crítica do que lidar com os problemas e enfrentar o doloroso processo de crescimento pessoal.
  6. Abuso de substâncias: consumir drogas e álcool oferece sensações agradáveis a curto prazo, mas compromete seus planos e valores de vida, pois você substitui o convívio com pessoas e o cumprimento de tarefas pelo uso dessas substâncias. O excesso de comida também é uma forma de agradar a si mesmo temporariamente, de forma a se distrair do que causa estressa e ansiedade.
  7. Problemas de intimidade: é quando você arruina um relacionamento, seja ele romântico ou não, por medo de se mostrar vulnerável e se machucar. Ou, por outro lado, você pode buscar se relacionar com pessoas abusivas ou que lhe façam mal, como uma forma de autopunição.

A questão que nem sempre é óbvia aqui, é que as pessoas que se sabotam na grande maioria das vezes, não tem essa percepção. Por isso, antes de falar que você não sofre desses problemas, tenha um olhar cuidadoso agora que você conhece as formas mais comuns de autossabotagem.

7 dicas de como superar a autossabotagem

Como superar, então, esses comportamentos autolimitantes? Aqui estão 7 passos que você pode começar a exercitar agora mesmo para se ver em uma situação melhor onde a autossabotagem não será mais um problema para você.

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  • Reflita sobre seus hábitos de autossabotagem

Para quebrar o ciclo da autossabotagem, a primeira coisa que você precisa saber é que você está se sabotando. Tente olhar para seus hábitos como um terceiro. Que padrões mentais e comportamentais autodestrutivos você está tendo?

Esse reconhecimento depende de um reflexão longa e profunda. Tire um tempo para observar suas escolhas, decisões e seus atos. Essa é melhor maneira de você enxergar o que está acontecendo para, então, acertar o curso.

Conversar de maneira honesta e aberta com pessoas próximas como familiares ou amigos que realmente te conheçam e convivam com você pode aumentar o poder dessa reflexão e te dar mais clareza sobre seus comportamentos.

  • Encontre sua voz interior positiva

Estranho como você consegue ouvir a voz da crítica toda vez, mas é tão difícil escutar uma voz de contentamento aí dentro, não é mesmo? Muitas vezes, temos enraizado dentro de nós que não merecemos a felicidade ou que não somos bons o suficiente. É hora de substituir o “não consigo” por “eu sou capaz” e “eu mereço”. 

Uma forma que me ajuda bastante a me manter positivo é ter o meu momento de gratidão e o uso de afirmações positivas diariamente. Sempre que eu reforço esses valores em mim, afasto a negatividade e me sinto melhor comigo mesmo.

  • Mude o padrão de comportamento

Considere como seus comportamentos estão lhe afastando de seu potencial verdadeiro. Então, busque substituí-los por outros, que sejam capazes de empurrá-lo em busca de suas metas e sonhos.

Talvez isso exija que você mude de ambiente e de companhias. Porque, às vezes, há pessoas e lugares que nos fazem reagir de maneira desfavorável. Também pode exigir que você aprenda novas maneira de lidar com as pessoas e as situações, o que pode demandar tempo. O importante aqui é entender o que não está nos eixos e ir se adequando dia a dia.

  • Comece aos poucos

Ao identificar os hábitos que você quer mudar, escolha um para começar a transformação. Não tente mudar todos de uma vez só. Isso é praticamente impossível de manter.

Pequenas, mas significativas, mudanças vão permitir que pouco a pouco você transforme toda sua vida. Conforme você for percebendo que essas mudanças dão resultados, será cada vez mais fácil executá-las.

  • Estabeleça metas (uma direção)

Ao definir planos e objetivos sólidos e realistas, você se sentirá mais seguro para se mover pelas situações e responder aos desafios que aparecerem no caminho, porque você terá a consciência de que sabe o que quer e o que está fazendo.

Um cuidado aqui é não focar tanto nos números em si, mas na direção em que essa visão está. Você não precisa fazer planos gigantes e criar metas a perder de vista. Você pode simplesmente separar o que é urgente e importante hoje ou definir seus objetivos para as próximas 12 semanas. Lembre-se: não há pressa. A ansiedade é amiga da autossabotagem.

  • Familiarize-se com o fracasso

Um outro passo importante é se familiarizar com o fracasso. Talvez você até possa estranhar essa dica, mas a verdade é que ser perfeito sempre não é possível. Se temos uma certeza na vida é que vez ou outra algo vai dar errado.

Portanto, é importante aceitar que o fracasso e a dor são parte da vida. Enxergue-os simplesmente como eles são: uma possibilidade dentro de tantas outras. E, talvez, também sejam o primeiro passo para uma nova oportunidade.

O medo de falhar, o medo de ser rejeitado e outras dores emocionais são comuns e causam grande desconforto na maioria das pessoas. O problema é que, ao evitar experiências que podem ser desagradáveis (e que nem sempre são), você pode estar perdendo oportunidades únicas.

Lembre-se: quando uma porta se fecha, abre-se uma janela.

  • Fale sobre a autossabotagem

Converse sobre esses padrões autodestrutivos com pessoas em quem você confia. Inclusive, se você se der conta de que tais comportamentos podem estar minando suas relações, conte aos envolvidos. Essas pessoas saberão que você se importa. Além disso, simplesmente falar em voz alta já é um passo a mais no combate à autossabotagem.

Se você se acostumar a exercitar essas dicas cotidianamente estará mais perto de diminuir os impactos da autossabotagem na sua vida.

Uma outra forma de prestar atenção na autossabotagem e de saber se ela está te afetando e conhecer os sabotadores da mente.

O 10 sabotadores da mente

Em seu livro Inteligência Positiva (que é uma excelente leitura), Shirzad Chamine ensina que todos nós enfrentamos sabotadores, que estão dentro de nossas mentes. São padrões mentais automáticos, voltados para a nossa sobrevivência, desde a infância. Chamine classifica os 10 sabotadores mais comuns:

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  1. O Crítico: procura defeitos em todo mundo, em si mesmo e nos outros, causando sentimentos como ansiedade, estresse, decepção, frustração, culpa ou vergonha. Costuma ser confundido com um lado racional e ambicioso.
  2. O Insistente: é o perfeccionista, que procura ordem em tudo, gerando ansiedade, frustração e nervosismo sempre que não se alcança um alto grau de perícia. Costuma carregar a ideia de que o perfeccionismo é sempre positivo.
  3. O Prestativo: quer agradar o mundo inteiro. Para isso, deixa de lado as próprias necessidades para ajudar os outros e ser bem quisto por isso. Acaba se ressentindo quando as pessoas exploram essa disponibilidade ou não oferecem reciprocidade.
  4. O Hiper-Realizador: precisa produzir o tempo todo e ter sucesso em tudo o que faz. Se isso não acontece, se sente um fracasso. Leva ao vício em trabalho e impossibilita a construção de relacionamentos profundos.
  5. A Vítima: se martiriza o tempo todo, porque quer chamar atenção. Exige muito investimento emocional de outras pessoas, que acabam se sentindo impotentes e culpados por não serem capazes de fazê-lo feliz.
  6. O Hiper-Racional: entende que a racionalidade é a maneira mais adequada para se viver a vida, mesmo em relacionamentos interpessoais. Acaba tornando as relações rasas e impessoais, sendo considerado arrogante e frio.
  7. O Hipervigilante: está constantemente em estado de alerta, sempre esperando que algo de errado aconteça, o que gera altos níveis de estresse e ansiedade, além de fadiga mental, física e emocional.
  8. O Inquieto: precisa estar sempre ocupado, para sentir que está vivendo a vida intensamente. Acaba se sobrecarregando de atividades e sendo incapaz de priorizar o que/quem realmente importa, e as pessoas ao seu redor sentem dificuldade em acompanhar o seu ritmo.
  9. O Controlador: precisa ter controle sobre tudo e todos, com a desculpa de que está tentando tirar o melhor de cada pessoa e de cada circunstância. Como é impossível estar no comando de tudo, acaba ficando frustrado e ansioso, além de impedir que os demais desenvolvam sua própria criatividade.
  10. O Esquivo: foge de tudo que gera conflito, dor ou medo. Busca só o que é agradável e traz prazer, com a desculpa de ser positivo, alegre e otimista. Acaba evitando tarefas e desafios importantes, e causando explosões de raiva devido ao acúmulo de conflitos não-resolvidos e postergados.

Conclusão

Por fim, é fundamental lembrar que, às vezes, simplesmente não conseguimos lidar com esses comportamentos sozinhos, especialmente quando estão arraigados há anos em nosso dia a dia.

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Se os seus esforços não forem suficientes, não tenha vergonha em pedir ajuda para outra pessoa (seja ela um amigo ou profissional). Talvez você não consiga enxergar algumas coisas e outra pessoa poderá ajudá-lo a identificar a raiz de sua autossabotagem – e, como você viu aqui, este é o primeiro passo para superá-la!

Rafael Avila

Rafael Avila

Carioca, empreendedor, sócio fundador da LUZ, professor de Excel, consultor e um apaixonado por produtividade. Acredito no poder que temos de ser as nossas melhores versões todos os dias.

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