É bem mais provável que qualquer pessoa repita um comportamento quando a experiência dessa ação é satisfatória. No momento em que você sente o prazer, uma série de reações no seu corpo ensinam o seu cérebro que vale a pena lembrar e repetir essa atividade.

Parece um pouco óbvia essa linha de raciocínio, mas você vai ver que ela pode te surpreender.

Recompensas Imediatas

No livro Hábitos Atômicos, James Clear diz que os comportamentos que são imediatamente recompensados, tendem a ser repetidos. É o que ele chama de a regra Cardeal da Mudança de Comportamento. Da mesma forma o que é imediatamente punido é evitado.

Assim, você vai aprendendo o que fazer no futuro (repetidas vezes até se tornar um hábito) com base no que você foi recompensado por fazer (ou punido por fazer) no passado. A ideia é que emoções positivas vão cultivar hábitos, enquanto as emoções negativas vão destruí-los.

O que eu to querendo dizer aqui é que se você quer implementar um hábito na sua rotina, você precisa se sentir imediatamente bem sucedido, mesmo que seja de uma maneira pequena.

Recompensas Atrasadas

Um problema que existe com esse comportamento humano de valorizar as recompensas imediatas é que vivemos em um ambiente de retorno atrasado. Você pode trabalhar por anos antes de suas ações entregarem o pagamento pretendido por você em um primeiro momento.

Ou seja, a grande maioria dos nossos bons hábitos produz múltiplos resultados ao longo do tempo, quase nunca imediatamente. Para falar a verdade, o início de muitos hábitos legais costuma ser até desagradável.

Por exemplo, quando você vai à academia algumas vezes, mas não fica mais forte ou mais rápido de cara — pelo menos, não em nenhum sentido perceptível. Apenas meses depois, depois de perder alguns quilos ou ter músculos mais definidos, que você começa a sentir os resultados.

E para as coisas ficarem ainda mais “interessantes”, no caso dos nossos maus hábitos, o resultado imediato geralmente é muito bom, mas o resultado final costuma ser ruim.

Um exemplo clássico é o cigarro, que para muitas pessoas dá um prazer imediato, mas que no longo prazo pode gerar diversos problemas de saúde. Isso vale para comidas gordurosas e gostosas, que podem te engordar e diversos outros tipos de hábitos ruins.

Dito de outra forma, os custos de seus bons hábitos estão no presente. Os custos de seus maus hábitos estão no futuro.

Eis o problema levantado pelo James Clear em seu livro: a maioria das pessoas sabe que atrasar a gratificação é a abordagem sábia. Todo mundo quer os benefícios dos bons hábitos: ser saudável, produtivo, estar em paz com você mesmo. O que vale a pena refletir é o motivo desses resultados raramente ser lembrados na hora de tomada da decisão.

Como cultivar bons hábitos com recompensas atrasadas

Felizmente, é possível treinar-se para atrasar a sua gratificação para cultivar bons hábitos. Para isso, a melhor dica que eu posso dar é você adicionar um pouco de prazer imediato aos hábitos que compensam a longo prazo e um pouco de dor imediata para aqueles que não dão.

No começo, você precisa de uma razão para se manter no caminho certo. É por isso que recompensas imediatas são essenciais. Elas te mantêm animado enquanto as recompensas atrasadas vão se acumulando.

No meu caso, uma recompensa imediata é a sensação de estar no caminho certo ao preencher o meu acompanhamento de hábitos. Pode parecer pequeno, mas toda vez que eu realizo um dos hábitos que eu me propus a fazer, me aproximo um pouco mais da pessoa que eu quero ser e isso me motiva bastante a continuar diariamente.

resumo do livro essencialismo de greg mckeown hábitos

Se você realmente quer manter um hábito como acordar cedo, ir para a academia, parar de comer besteiras, ler mais ou qualquer outra coisa que seja legal, mas que não te dará um resultado palpável logo de cara, deve pensar em pequenas celebrações ou recompensas imediatas que funcionem pra você.

A ideia para os hábitos ruins é muito parecida, mas agora o que você vai fazer é se recompensar toda vez que deixar de ter aquele comportamento indesejável.

Por exemplo, se você tem gastado muito dinheiro com coisas bobas e não tem conseguido economizar, pode ter o desejo de ser menos consumista. Só que o grande problema é que você não tem nenhuma satisfação ou recompensa imediata ao resistir à tentação de fazer uma compra.

Uma solução pode ser tornar esse comportamento de ser menos consumista visível para você. Para isso, você pode abrir uma conta para investimentos onde sempre que você deixar de fazer uma compra, vai colocar exatamente a mesma quantidade de dinheiro lá. Esse pequeno gesto vai te motivar a economizar mais, mesmo quando o valor for pequeno.

Recompensas que reforçam sua identidade

Vale ressaltar que é importante selecionar recompensas de curto prazo que reforçam a identidade que você quer ter em vez das que conflitam com ela.

Por isso, se o hábito que você está tentando evitar é o de gastar muito dinheiro com coisas bobas, faz muito sentido você ter uma conta de investimento, que reforça a sua identidade de ser um poupador.

Da mesma forma, se sua recompensa por se exercitar é comer um hambúrguer ou uma pizza, então você está lançando votos para identidades conflitantes e isso não vai te ajudar muito no longo prazo. Em vez disso, talvez sua recompensa possa ser uma massagem, que é um indicador de um cuidado com o seu corpo.

Nesse momento, a sua recompensa de curto prazo está alinhada com a sua visão de longo prazo. Como demora tempo para essa sua nova identidade se formar, esse reforço imediato ajuda a te manter no eixo enquanto você espera pelos resultados de longo prazo (recompensas atrasadas) cheguem.

Conclusão

Em resumo, é essencial que um hábito seja prazeroso ou agradável de alguma forma para que ele dure. Você deve tentar sempre implementar recompensas que te ofereçam prazer imediato para que isso te motive a manter um hábito mais duradouro com recompensas futuras.

Além dessas recompensas, eu vejo muito esse esforço de cultivar bons hábitos ou de acabar com os hábitos ruins como uma questão de sempre fazer uma conexão entre o que eu estou fazendo e o tipo de pessoa que eu quero ser. Esse simples questionamento muitas vezes me ajuda mesmo quando não estou tão motivado.

Rafael Avila

Rafael Avila

Carioca, empreendedor, sócio fundador da LUZ, professor de Excel, consultor e um apaixonado por produtividade. Acredito no poder que temos de ser as nossas melhores versões todos os dias.

4 Comentários

Deixe uma resposta