O vício em tecnologia é um resultado do mundo em que vivemos. A cada dia conhecemos novas possibilidades, estamos cada vez mais conectados (em qualquer lugar e a qualquer hora), conquistamos a mobilidade (com smartphones, tablets e laptops) e ainda temos a experiência viva de um universo virtual cheio de possibilidades que só aumentam.

Por causa desse vício em tecnologia, mais e mais pessoas passaram a buscar uma maneira mais saudável de se relacionar com os smartphones e outros dispositivos mobile. E é aí que entra o Minimalismo Digital.

O que é minimalismo digital

Minimalismo digital é uma aplicação específica da filosofia do Minimalismo. Segundo o minimalismo, as coisas físicas podem causar muitas distrações, nos impedindo de enxergar e dar valor para o que importa mais.

Como o mundo virtual tem ocupado cada vez mais espaço em nossas vidas, também tem tido grande potencial de nos distrair do que é mais importante, além de fomentar o vício em tecnologia. Uma das melhores definições de minimalismo digital vem de Cal Newport:

O minimalismo digital é uma filosofia que ajuda você a questionar que ferramentas de comunicação digitais (e os comportamentos em torno dessas ferramentas) acrescentam mais valor a sua vida. Ela é motivada crença de que eliminar o ruído digital de baixo valor de forma intencional e agressiva e otimizar o uso das ferramentas que realmente importam pode melhorar significativamente sua vida.

O minimalismo digital, portanto, é uma resposta à ameaça do vício em tecnologia. É uma maneira de pensar em nosso relacionamento com as ferramentas digitais de maneira consciente e intencional.

Aqui pelo blog eu cheguei a fazer uma entrevista com a Gabriela Brasil sobre minimalismo digital e ela falou em “usar a tecnologia de maneira intencional, para otimizar o nosso dia a dia e melhorar a nossa vida. Não é usá-la apenas para perder tempo.”

Os piores vícios em tecnologia e a nomofobia

Particularmente, eu acho super importante ter um olhar muito atento para os piores vícios em tecnologia. No mundo hiperconectado e cheio de distrações que vivemos, se não observarmos com atenção, podemos nem nos dar conta de que estamos no meio de um desses vícios:

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Compulsão online

Algumas atividades interativas online podem causar compulsão, que é um vício em tecnologia bastante grave, tais como apostas, trading, leilões e compras online.

Não estou falando que você não pode fazer uma apostinha aqui ou acolá, fazer compras de coisas que são importantes e úteis em um ecommerce ou comprar e vender ações. A questão é ter a auto crítica se essas atividades são hobbies ou se estão sugando seu tempo, dinheiro ou qualidade de vida.

Quando você está com uma compulsão online pode inclusive ter um grande impacto na sua situação financeira. E essa instabilidade consequentemente também pode prejudicar seus relacionamentos, então cuidado com esse vício em tecnologia.

Busca compulsiva por informação

A riqueza de conhecimento e informação que temos hoje ao alcance de um clique é estrondosa. Mas, para alguns, isso se transformou em uma necessidade incontrolável de coletar e organizar dados, em uma espécie de manifestação obsessiva-compulsiva. Esse tipo de vício em tecnologia reduz a produtividade no trabalho, entre outras coisas.

Mais uma vez, cuidado para não demonizar o Google. Se informar é essencial e saber como buscar informações pode ser muito útil. Só não deixe que esse vício em tecnologia paralise suas ações (quando você nunca faz nada porque está sempre abrindo uma aba extra nova com mais dados) ou faça você procrastinar.

Vício em sexo virtual

Esse vício em tecnologia envolve pornografia online, sites adultos, sala de bate papo, canais de webcam, entre outros. Esse hábito pode impedir que o sujeito consiga desenvolver relações e intimidade no mundo real.

Aqui eu só alerto para o fato de que muitas vezes esses sites mostram conteúdos que estão totalmente descolados da realidade. “Mulheres ou homens 100% perfeitos” e relacionamentos que invariavelmente não existem na vida real.

Vício em relacionamento virtual

Esse vício em tecnologia se refere a buscar e manter relacionamentos online, enquanto esquece ou negligencia as relações familiares e amigos da vida real.

Essa pessoa pode ter suas habilidades sociais limitadas e/ou expectativas irreais no que concerne a interações pessoais, o que impede que ela consiga estabelecer conexões no mundo real, tornando-a dependente do ciberespaço para se relacionar com alguém.

Manter contato no Facebook, Instagram, WhatsApp, etc é muito bom, mas só estar nessas redes e não ter contato pessoal é muito ruim. Por isso, como quase tudo na vida, tente equilibrar os relacionamentos virtuais com os pessoais e evite esse vício em tecnologia.

Vício em jogos

O vício em games envolve jogos online ou offline que podem ser executados no computador ou outro dispositivo eletrônico, como tablets e smartphones. Hoje, há milhares de jogos disponíveis, em sua maioria, com versões gratuitas e pagas.

O resultado são diversas pessoas desperdiçando muito tempo com o que deveria ser um passatempo e reduzindo sua produtividade em outras áreas que, de fato, importam – tais como estudos e trabalho –, além de substituir o contato humano, com amigos e familiares. Este é, possivelmente, o vício em tecnologia mais antigo de todos.

Vício em redes sociais

Não dá para deixar de fora um dos vícios em tecnologia mais novos e que vem ganhando cada vez mais adeptos: o vício nas redes sociais.

A quantidade de pessoas que passam horas por dia passeando por fotos, vídeos, grupos ou notícias que muitas vezes mal tem relação com as suas vidas é uma grandeza. Por isso o questionamento que você deve fazer é, qual é o real propósito, intenção e retorno que você tem em cada uma dessas redes? Faz mesmo sentido estar lá? Te faz bem?

Nomofobia

Esse termo é bastante recente e significa o medo de estar sem o celular – ou longe dele. É uma fobia crescente, especialmente entre estudantes do ensino médio e superior. É característico da nomofobia:

  • medo, pânico ou preocupação quando não se pode mexer no celular;
  • ansiedade ao ter de deixar o celular de lado por um tempo;
  • agitação ao perceber que não encontra o aparelho;
  • irritação ou estresse quando não pode checar as notificações ou está sem internet.

Alguns sintomas físicos que a nomofobia pode causar incluem:

  • aperto no peito,
  • dificuldade em respirar normalmente,
  • sudorese,
  • tremores,
  • sensação de tontura ou desorientação,
  • taquicardia.

Se você está se perguntando se sofre de namofobia, observe se você leva o celular para o banheiro e para o banho, fica checando a tela a todo momento, gasta horas por dia no smartphone ou se sente perdido quando o aparelho não está ao seu alcance, por exemplo.

E se isso chega a tirar o seu foco do que realmente importa, talvez seja hora de levar esse vício em tecnologia a um terapeuta.

O impacto do vício em tecnologia em nossas vidas  

Falando em terapia, é difícil determinar com precisão qual o impacto que o vício em tecnologia pode ter em nossas vidas. No entanto, alguns estudos descobriram que o uso da internet interfere na vida social, familiar ou profissional de aproximadamente 10% das pessoas.

No nível neurológico, o vício em tecnologia funciona de maneira muito parecido com drogas, já que o cérebro libera dopamina e outros químicos que causam bem-estar. A pessoa precisa de um novo “like” ou passar de mais uma fase, para ganhar a sua nova dose de dopamina. Exatamente como o estímulo de uma dependência química.

E quais são as consequências desse vício em tecnologia e de passar tanto tempo conectado? Algumas delas são:

  • baixa produtividade,
  • descuido com a aparência e higiene,
  • redução no interesse em atividades offline,
  • desinteresse por relacionamentos interpessoais,
  • ansiedade e irritabilidade.

 Como diminuir excessos no mundo digital

Por isso, para não chegar no nível de ter vício em tecnologia, é importnte pensar em como diminuir os excesso no mundo digital. Algumas dicas simples do minimalismo digital para evitar esses vícios são:

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  • separe uma manhã ou tarde do final de semana para não usar nenhum aparelho eletrônico;
  • almoce longe do seu celular;
  • escolha uma noite por semana sem tecnologia, para jogar cartas ou conversar com amigos;
  • faça uma caminhada, corrida ou pedal sem fones de ouvidos;
  • desabilite as notificações do seu celular e escolha horários para acessar redes sociais e e-mails;
  • cancele a assinatura de tantas newsletters quanto possível;
  • tente conversar mais pessoalmente do que via ferramentas tecnológicas;
  • se nada disso for suficiente, DELETE. Delete os apps, delete as contas, cancele as assinaturas de notícias, televisão ou streaming.
  • trabalhe longe do celular;

Como alinhar propósito de vida com uso da tecnologia

Se você passar a seguir as dicas acima, provavelmente estará mais perto de usar a tecnologia com mais propósito, mas para te ajudar, acho que vale lembrar sempre dessas 3 “regras” básicas para que a tecnologia seja uma parte saudável da sua vida:

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  • O uso da tecnologia deve ser intencional e não habitual

A tecnologia nos deixa vulneráveis ao uso compulsivo e sem consciência. Por isso, precisamos cultivar uma mentalidade de uso intencional para ela, ou seja, com propósito e não como parte da rotina. Isso evita que se torne um hábito prejudicial capaz de ofuscar aquilo que realmente é importante.

  • A tecnologia é para ser útil não para fazer-nos sentir bem

É muito comum que, ao nos sentirmos entediados, cansados ou estressados, simplesmente busquemos o celular em nossos bolsos e comecemos a rolar a tela, para nos perdermos em coisas sem importância, que tirem o foco dos problemas reais.

Mas a verdade é que isso só nos ensina a fugir das dificuldades, tornando cada vez mais difícil encará-las. A tecnologia, ao contrário, deve servir para produzir, para criar, para desenvolver algum objetivo prático e útil, não para ser parte aleatória de nossos dias.

  • A tecnologia nunca deve vir antes das pessoas

Isto é o mais importante de tudo: independentemente da promessa da internet de nos mantermos mais próximos e conectados, a verdade é que, frequentemente, nos afastamos da vida real em prol do mundo virtual.

Quantos momentos únicos da vida familiar, quantas conversas incríveis com os amigos, quantos lugares especiais na natureza podemos perder se ficarmos só no universo digital ao invés do palpável?

No fim da contas, o aspecto mais importante do minimalismo digital é justamente este: colocar as pessoas acima das ferramentas digitais e online. Não se trata, portanto, de rejeitar a tecnologia. É sobre aproveitar seus benefícios e vantagens intencionalmente, de forma a chegarmos cada vez mais perto da pessoa que queremos ser.

Rafael Avila

Rafael Avila

Carioca, empreendedor, sócio fundador da LUZ, professor de Excel, consultor e um apaixonado por produtividade. Acredito no poder que temos de ser as nossas melhores versões todos os dias.

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