Como a ansiedade pode afetar a sua produtividade

A ansiedade é uma resposta natural de seu corpo que costuma ser desencadeada por um desses motivos:

• Medo de catástrofes
• Receio de avaliação social
• Perda de controle
• Incertezas

Eu me interessei em escrever um pouco mais aqui sobre esse assunto depois de ver o mini documentário da Netflix Explicando a Mente sobre Ansiedade. São só 20 minutinhos e é super explicativo.

Dito isso, que fique claro que eu não sou um especialista no assunto, apenas um interessado que acredita que vale a pena conversarmos e trocar mais ideias sobre ele.

Se você se identificar com qualquer parte do conteúdo que eu vou escrever mais abaixo, deve buscar ajuda de um profissional qualificado.

O que é a ansiedade

Diferente do muita gente pensa, a ansiedade não tem necessariamente a ver com estresse. Na verdade, ela é uma reação natural de seu corpo a uma situação perigosa ou incomum. Por isso, é comum que você se sinta inquieto quando estiver diante de circunstâncias não familiares.

De maneira geral a ansiedade ocorre quando você está apreensivo com algo que está por vir, como ir a uma entrevista de emprego, ter que fazer uma tarefa que você tem dificuldade ou falar em público. Como falei mais acima, se sentir assim é perfeitamente natural, o problema é quando esse sentimento começa a se exacerbar.

Quando esse sentimento começa a afetar sua vida ele se transforma em um transtorno de ansiedade. É aí você precisa dar mais atenção para o que está acontecendo com você.

A ansiedade como desordem é uma das doenças mentais mais comuns que existe chegando a afetar cerca de 30% da população mundial (especialmente adultos) e pode afetar sua produtividade, vida afetiva e até mesmo sua saúde física.

Quando há uma desordem de ansiedade, a quantidade de preocupação e medo que você sente é excessiva e pode chegar a ser debilitante, principalmente quando ela aparece sem gatilho algum. É como se o seu cérebro estivesse em constante estado de medo ou apreensão, inundado de hormônios de estresse.

O que eu acho mais importante é entendermos como a ansiedade funciona, pois assim podemos identificar se ela está sob controle e faz parte da nossa vida de maneira natural ou se já está saindo do padrão e a afetar nossos hábitos e rotinas.

Como funciona a ansiedade

Quando você sente ansiedade, três partes de seu cérebro são acionadas:

1. Seu tronco cerebral, também conhecido como “cérebro reptiliano” ou “de sobrevivência”. É responsável por manter as suas funções vitais, tais como batimentos cardíacos, respiração, temperatura corpórea, ciclo do sono e movimentos;
2. Seu sistema límbico, que inclui hipotálamo, hipocampo e amígdala – também conhecido como “cérebro emocional”, já que é o responsável por regular as suas emoções;
3. Seu lobo frontal, também conhecido como seu “neocórtex”, “cérebro pensante” ou “cérebro inteligente”. É a parte que controla seu pensamento racional e crítico, o processamento de informação e comunicação, e a resolução de problemas.

A questão é que nossa sociedade e tecnologia evoluíram em uma velocidade tal que o nosso corpo e cérebro não conseguiram acompanhar. Temos basicamente a mesma estrutura neural de quando éramos tribos nômades, há mais de 200 mil anos.

Por isso mesmo, quando estranhamos alguma coisa, nosso corpo reage da mesma forma que fazia quando estava sendo perseguido por um predador. Em resumo, o que cada parte de seu cérebro faz:

• Tronco cerebral ou cérebro de sobrevivência: libera adrenalina e prioriza funções vitais, então seu coração bate mais rápido, para produzir mais oxigênio e lhe permitir correr mais rápido, e garante mais energia para seus membros para que você fique mais ágil e forte.
• Sistema límbico ou cérebro emocional: suas emoções ficam mais intensas para alertá-lo de que há uma ameaça e você deve responder a ela.
• Lobo frontal ou cérebro inteligente: desliga para que a energia utilizada por ele seja redirecionada às funções de sobrevivência.

Como você deve imaginar, muitas vezes essas reações eram a diferença entre escapar do predador ou ser capturado/alcançado. Só que nos dias de hoje, essas reações não são mais necessárias (pelo menos não o tempo todo), o que pode gerar as crises, transtornos e problemas relacionados à ansiedade.

Causas da ansiedade

A origem da ansiedade ainda não é completamente entendida. Algumas possíveis causas incluem:

Questões médicas

Em alguns casos, a ansiedade pode ser sintoma de uma problema de saúde, tais como doenças cardíacas, diabetes, desordens da tireoide, problemas respiratórios, abstinência química, tumores, síndrome do intestino irritável, dor crônica, insônia ou efeitos colaterais de alguma medicação.

Em geral, a ansiedade costuma ser investigada como questão de saúde física quando nem você nem nenhum familiar tem histórico de ansiedade ou quando a ocorrência não parece relacionada com nenhum evento específico.

Fatores de risco

Alguns eventos ou comportamentos podem aumentar a chance de desenvolver ansiedade. Possíveis exemplos incluem: traumas, tratamentos médicos, acúmulo de estresse, problemas mentais, familiares com desordem de ansiedade, abuso de drogas ou álcool etc.

Questões sociais

Algumas circunstâncias que envolvem os relacionamentos também podem ocasionar o desenvolvimento de ansiedade, tais como isolamento social, dificuldades no trabalho ou na escola, baixa qualidade de vida, entre outros.

Atualmente temos as redes sociais como um dos grandes causadores de picos de ansiedade pela forma como são desenvolvidos. Eu mesmo depois que passei a usar o Instagram me vi ansioso depois de colocar uma postagem nova para saber se as pessoas iam curtir ou não. Tenho tentado controlar esse sentimento e até conseguido, mas vez ou outra me pego abrindo o Instagram só para ver se alguém interagiu ou não com o que eu postei.

Fatores de personalidade

Pesquisas sugerem que alguns traços de personalidade também podem facilitar o desenvolvimento da ansiedade. Por exemplo: perfeccionismo, timidez, baixa autoestima, necessidade de controle etc.

Entender as causas pode ser o conhecimento necessário para buscar ajuda. No documentário foi falado que apenas 10% das pessoas no mundo que tem transtorno de ansiedade recebem tratamento adequado. Isso significa que 90% das pessoas estão sofrendo sozinhas sem um auxílio adequado.

Como tratar a ansiedade

Dependendo de quanto a ansiedade está interferindo na sua vida, você pode recorrer a tratamentos mais simples ou mais complexos.

Aqui vão algumas sugestões:

Mindfulness

O mindfulness é um estado de consciência, que todos nós podemos acessar – mas que requer prática. Trata-se de uma técnica que enfatiza o controle de nossa atenção plena para o momento presente, principalmente através da respiração e meditação.

Relaxamento

Exercícios de relaxamento físico também podem ajudar no controle da ansiedade. Dois bons exemplos são o relaxamento muscular progressivo, em que você contrai e relaxa cada músculo do corpo, de cima para baixo; e a respiração diafragmática, que aumenta a quantidade de oxigênio que entra nos pulmões, enquanto reduz o número de inspirações, evitando a resposta de fuga ou luta.

Terapia de exposição

Consiste em expor-se deliberada e progressivamente (com a ajuda de um terapeuta) a estímulos que causam ansiedade, de forma a perceber, por meio de repetição, que o resultado temido não vai acontecer.

Reestruturação Cognitiva

É uma técnica da terapia cognitivo-comportamental, em que o sujeito se torna consciente de crenças irracionais crônicas levam a estados emocionais ou comportamentos infundados. O objetivo é desafiar tais crenas e substituí-las por alternativas mais realistas.

Medicação

Os medicamentos também apresentam bons resultados dependendo do caso. Algumas das medicações mais indicadas pelos especialistas são:

• Benzodiazepínicos (“Benzos”), ansiolíticos de ação rápida mas altamente viciantes, tais como Valium, Xanax, Klonopin e Librium.
• SSRIs (inibidores seletivos da recaptação da serotonina), antidepressivos não controlados, que levam semanas para fazerem efeito e que, embora não sejam tão viciantes, apresentam efetos coleterais consideráveis. Exemplos: Prozac, Celexa, Lexapro, Luvox, Zoloft e Paxil.
• Beta-bloqueadores, normalmente prescritos para doenças cardíacas, pois inibem a ação da adrenalina no corpo, mascarando muitos dos sintomas de ansiedade. O propranolol é geralmente o beta-bloqueador mais comumente prescrito.

Ansiedade e Produtividade

Estudos têm demonstrado que a ansiedade afeta cerca de metade dos trabalhadores no que diz respeito à produtividade no ambiente de trabalho, relacionamento com os colegas e superiores, além da qualidade do trabalho desenvolvido.

E um dos maiores problemas associados é que a maioria das pessoas não comenta a respeito no ambiente de trabalho – tampouco são encorajadas a fazê-los em suas organizações. Mais de 60% dos trabalhadores que sofrem de ansiedade não discutem o assunto com ninguém na empresa.

Algumas técnicas simples que você pode aplicar para enfrentar a ansiedade no seu ambiente profissional são:

Tomar consciência

Quando se sentir ansioso, pergunte-se por quê. Anote os motivos e tome consciência do que o está levando a esse comportamento. Observe quando sua respiração está mais curta, quando seu foco visual está mais embaçado, esses são sintomas de que a ansiedade está tomando lugar.

Reduza o peso

Tente respirar mais profundamente, alongue seu corpo, movimente seus membros. Além disso, silencie seu telefone, desabilite as notificações, organize sua caixa de e-mails. Tente ainda manter seu espaço de trabalho organizado, remova tudo o que causa distrações e consome energia à toa. Por fim, faça intervalos.

Adquira hábitos positivos

Por fim, tente incluir hábitos melhores em sua rotina. Por exemplo, deixe suas reuniões mais curtas e assertivas. Ou chame seu interlocutor para o uma caminhada enquanto discutem os assuntos a serem abordados.

Priorize suas tarefas (já apresentei diversas ferramentas para organização de tarefas para fomentar sua produtividade aqui no blog). Remova todas as atividades que só tomam tempo e não trazem benefício algum. E, claro, medite. Você pode começar aos poucos e ir aumentando o tempo e a frequência.