Nos últimos meses eu tenho estudado um pouco sobre os ensinamentos estoicos e cada vez que me aprofundo um pouco mais, vejo mais genialidade na atemporalidade dessas lições.

Se você parar para pensar, estamos falando de princípios e práticas milenares que venceram o tempo e seguem sendo atuais mesmo nos dias de hoje.

Por conta dessas leituras, acabei escrevendo sobre as aplicações do estoicismo para a sua vida e sobre os fundamentos da filosofia estoica para uma vida mais leve. Ambos vão te ajudar a conhecer um pouco mais desses ensinamentos estoicos, mas por hora, eu quero focar em 3 termos em latim que me tenho tentado cada vez mais aplicar na minha vida:

3 Ensinamentos dos Estoicos

Os 3 termos (em latim) são:

  • memento mori
  • premeditatio malorum e
  • amor fati

Esses termos usados pelos estoicos nos apresentam um caminho para lidar com as adversidades. E, como qualquer lição importante, exigem aprendizado, prática e treino, para que se tornem fonte de gratidão, paz de espírito, resiliência e bem-estar.

Então deixa eu te falar um pouco mais de cada um deles.

Memento Mori

Você vai morrer. E não sabe quando. Isso é assustador ou motivador?

Bem, a única escolha que você tem é como quer enxergar essa verdade perene. Porque, não importa a sua opinião a respeito da morte, ela é a única certeza da vida.

Memento mori pode ser traduzido como “lembre-se que você vai morrer”. E o objetivo desse ensinamento dos estoicos nunca foi mórbido. Ao contrário, o propósito é inspirar, motivar e esclarecer.

ensinamentos dos estoicos memento mori

Sêneca escreveu em suas Cartas Morais a Lucílio: “Vamos preparar nossas mentes como se tivéssemos chegado ao fim da vida. Não vamos adiar nada. Vamos equilibrar os livros da vida a cada dia… Aquele que dá os últimos retoques em sua vida a cada dia nunca fica com falta de tempo.”

Marco Aurélio anotou em suas próprias Meditações: “Você poderia deixar a vida agora. Deixe que isso determine o que você faz, diz e pensa.”

Para os estoicos, portanto, o memento mori serve para que a sua vida tenha significado. Cada dia é um presente, e não esquecer disso faz com que não desperdiçamos tempo com coisas triviais, que não agregam valor à nossa vida. Ao visualizarmos a impermanência, passamos a viver mais verdadeiramente o agora.

Acredita-se que o Memento mori tenha sua origem na Roma Antiga. Quando um general vencia uma grande batalha, ele era reverenciado em uma carruagem que percorria as ruas da cidade. Porém, bem atrás dele, vinha um escravo, que ficava sussurrando durante todo o percurso: “Respice post te. Hominem te esse memento. Memento mori!”, o que significa “Olhe para trás. Lembre-se que você é mortal. Você vai morrer!”.

Isso servia para lembrar ao aclamado líder que, não importava a vitória, essa glória logo teria fim e ele continuaria sendo um mero mortal.

Para nós, modernos, toda essa filosofia do Memento mori pode soar um pouco mórbida demais, afinal, quem quer pensar na morte? Entretanto, o objetivo dos estoicos era exatamente o oposto, fazer com que vivamos a vida com propósito e em sua plenitude.

A ideia não é deprimente, ao contrário, visa a criar prioridade, significado e senso de urgência em nossa vida, para que olhemos para o tempo como um tesouro que não pode ser desperdiçado.

“O homem que aprendeu a morrer desaprendeu a ser escravo; ele está acima de todo poder, ou pelo menos fora de seu alcance. O que a prisão, os guardas e as portas trancadas significam para ele? Ele tem uma saída livre. Há apenas uma corrente que nos mantém ligados, o amor pela vida, e mesmo que isso não deva ser rejeitado, deve ser reduzido para que, se as circunstâncias exigirem, nada nos deterá ou nos impedirá de estar prontos instantaneamente para qualquer ação necessária.” (Epicuro)

Premeditatio Malorum

Esse é outro ensinamento dos estoicos que costuma ser mal visto por aqueles que acreditam na lei da atração, já que soa um tanto pessimista. Conforme eles, devemos sempre pensar no que pode dar errado e em tudo o que podemos pender, sempre que começamos algo novo.

Mas, ao contrário do caráter negativista que possa transparecer, a ideia é nos prepararmos para os imprevistos e problemas da vida. Não torcendo para que eles aconteçam, é claro, mas para que, caso eles se tornem reais, não nos peguem sem saber o que fazer. Disse Sêneca:

“…me preparei como um homem para enfrentar o destino do homem. Se um mal foi ponderado de antemão, o golpe é suave quando ele chega. Para o tolo, porém, e para aquele que confia na sorte, cada evento que chega ‘vem de uma forma nova e repentina’, e uma grande parte do mal, para o inexperiente, consiste em sua novidade. Isso se prova pelo fato de que os homens suportam com maior coragem, quando já se acostumaram com elas, as coisas que a princípio consideraram como sofrimentos.”

A expressão premeditatio malorum, portanto, significa a premeditação dos males. Ou seja, antecipar, mentalmente, tudo o que pode dar errado, para imaginar que atitudes tomar caso os problemas aconteçam, de fato.

ensinamentos dos estoicos premeditatio malorum

Segundo Sêneca, os golpes de azar são pesados e dolorosos, mas podem se tornar menos sofríveis, quando pensamos neles com antecedência, já que é impossível evitar algo sobre o qual não temos conhecimento ou informação.

Para os estoicos, pois, isso não tem nada de pessimista ou negativo, mas, sim, traz autoconfiança: eu estar pronto para qualquer coisa que aconteça, fazendo o trabalho que tem de ser feito agora, para garantir que eu não perca tempo e energia depois, com empecilhos que poderiam ter sido resolvidos antecipadamente.

Em resumo: espere um dia agradável de sucesso, mas esteja pronto no caso de não ser bem assim.

Amor Fati

Marco Aurélio escreveu: Aceite as coisas às quais o destino o une e ame as pessoas com quem o destino o une, mas faça-o de todo o seu coração.” Essa frase ilustra o conceito de amor fati, que significa amor ao destino.

Amor fati, portanto, se refere a aceitar e abraçar tudo o que aconteceu, está acontecendo e ainda vai acontecer. É entender que a natureza do universo é a mudança e que, sem ela, não existiríamos, não haveria amor, crescimento ou realização. Não haveria vida. Dessa forma, quer a mudança seja boa ou ruim, alegria ou sofrimento, ela é necessária.

ensinamentos dos estoicos amor fati

Medo da mudança? Mas o que pode existir sem ela? O que está mais próximo do coração da natureza? Você pode tomar um banho quente e deixar a lenha como estava? Comer a comida sem transformá-la? Pode algum processo vital ocorrer sem que algo seja mudado? Você não vê? É a mesma coisa com você – e tão vital quanto para a natureza.” (Marco Aurélio)

Trata-se, portanto, não de exercer controle sobre o mundo e o destino, mas de assumir responsabilidade sobre como o enxergamos e como reagimos a ele. Encaramos dificuldades? Ótimo. E que oportunidade de crescimento essa batalha nos trouxe? Nietzsche, anos mais tarde, trouxe o conceito de amor fati em suas reflexões:

“Minha fórmula para a grandeza em um ser humano é amor fati: que ninguém queira que nada seja diferente, nem para a frente, nem para trás, nem em toda a eternidade. Não apenas aguente o que for necessário, muito menos o oculte – todo idealismo é mentira em face ao que é necessário – mas ame-o.”

Nietzsche quer dizer que não devemos nos esconder ou fugir de nosso destino, muito menos desejar que ele seja diferente. Ele é o que é, não o que queremos que seja. E devemos não somente aceitá-lo como for, mas amá-lo e abraçá-lo.

Até porque, quando estamos felizes, significa que todos os momentos que vivemos, bons ou ruins, nos trouxeram até esse momento. Se a história tivesse sido diferente, o resultado também seria outro – e talvez não tão positivo:

Pois nada é autossuficiente, nem em nós mesmos nem nas coisas; e se nossa alma tremeu de felicidade e soou como uma corda de harpa apenas uma vez, toda a eternidade foi necessária para produzir este evento único – e neste único momento de afirmação toda a eternidade foi chamada de boa, redimida, justificada e afirmada.” (Friedrich Nietzsche)

Eu sei que pode não parecer natural amar as coisas que não queremos que aconteçam. Mas talvez elas estejam nos poupando de sofrimentos maiores, ou nos levando a novas experiências e aprendizados. No fim das contas, você não precisa, realmente, amar o seu destino, mas pode tirar a maior vantagem possível dele. Até porque, é sua única opção.

Rafael Avila

Rafael Avila

Carioca, empreendedor, sócio fundador da LUZ, professor de Excel, consultor e um apaixonado por produtividade. Acredito no poder que temos de ser as nossas melhores versões todos os dias.

2 Comentários

  • Nivaldo Santos Arruda disse:

    bom dia…

    produtividade mais do que teoria é um ensinamento que precisa ser praticado, principalmente por este site.

    O contato do site nao funciona. Logo gasto tempo com algo que não funciona.
    Indiquei para o meu filho que tambem fez uma solicitação via emai e nunca obteve retorno.

    obrigado e deixo meu feedback.

    Nivaldo Santos Arruda

    • Rafael Avila disse:

      Oi Nivaldo, tudo bom? Não sabia que o formulário de contato estava com problema, já estou corrigindo o erro. Obrigado pelo aviso. Sobre a mensagem sua e do seu filho, pode me mandar por aqui mesmo ou pelo meu email rafael@luz.vc assim conversamos melhor

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