Sofrer de burnout não é o mesmo que sentir cansaço, ansiedade ou estresse. O termo, do inglês, significa “esgotamento”, podendo levar a sérios problemas de saúde física, mental e/ou emocional.

O burnout foi reconhecido como um fenômeno ocupacional pela OMS em 2019, especialmente pelo impacto dos lockdowns na vida das pessoas em razão da pandemia de Covid-19. Em uma pesquisa conduzida no ano seguinte, 48% dos entrevistados disseram experienciar o burnout às vezes e 21% responderam “sempre”.

E aqui no Brasil, segundo país com maior número de pessoas relatando ter a síndrome do burnout, a partir desse ano (2022) ele passou a ser considerado uma doença do trabalho.

Mas o que é burnout, afinal?

O burnout é um estado de exaustão mental, emocional e, com frequência, físico, geralmente resultado de um período prolongado e repetitivo de estresse e tensão. É caracterizado por uma redução drástica na motivação e produtividade, e pode acontecer com absolutamente qualquer pessoa. 

A Organização Mundial de Saúde define o burnout como “uma síndrome conceituada como resultante do estresse crônico no local de trabalho que não foi gerenciado com sucesso”. No entanto, embora as causas mais comuns sejam realmente questões do trabalho, o burnout pode advir de outras áreas, como relacionamentos e família. 

Qual a diferença entre Burnout e Estresse?

Burnout é um período longo de estresse, cujos limites você não consegue identificar. O estresse “comum” costuma ter relação com alguma coisa ou área específica que você é capaz de definir (sua profissão, um projeto atual, uma amizade tóxica etc.).

Estresse envolve pressão demais, demanda demais. Mas, se você sente que consegue controlar, se sente melhor. No burnout, não se trata de algo demais, mas sim, insuficiente. Você simplesmente não enxerga nenhuma possibilidade de sair daquela situação. 

Observe a tabela a seguir:

EstresseBurnout
Excesso de engajamentoAusência de engajamento
Emoções reativasEmoções indefinidas e nubladas
Sentimento de urgência e hiperatividadeSentimento de desamparo e letargia
Perda de energiaPerda de motivação
AnsiedadeDepressão
Começa no físicoComeça no emocional
Reduz a expectativa de vidaReduz o interesse pela vida

O que causa o burnout?

O burnout pode ocorrer pelas mais diversas razões, mas geralmente têm relação com uma dificuldade de gerenciamento e controle do próprio trabalho. Entre os fatores que contribuem com o fenômeno, estão:

  • expectativas não-realistas no trabalho
  • prazos impossíveis de cumprir
  • excesso de carga impossível de manejar
  • falha de comunicação e instrução
  • retrabalho
  • falta de contato humano e isolamento
  • falta de suporte
  • tratamento diferente ou injusto
  • falta de reconhecimento
  • trabalho monótono e repetitivo
  • ambiente caótico ou sob pressão
  • falta de tempo para a vida pessoal
  • ausência de relações de apoio
  • sono irregular ou insuficiente
  • perfeccionismo
  • pessimismo e negatividade
  • dificuldade em delegar tarefas
  • necessidade de controle

Como identificar o burnout?

O burnout pode ser um pouco difícil de identificar, porque seus sintomas são muito semelhantes aos do estresse ou tensão recorrente, por exemplo. Mas os sinais mais comuns incluem:

  • raiva e irritabilidade frequentes
  • sentimento de incapacidade de realizar seu trabalho 
  • exaustão
  • imunidade baixa (dificuldade de se recuperar de um resfriado comum, por exemplo)
  • dores de cabeça frequentes
  • problemas gastrointestinais
  • distúrbios do sono
  • falta de ar
  • taquicardia
  • paranoia em relação aos colegas
  • abuso de substâncias químicas
  • teimosia e inflexibilidade
  • atitude negativa
  • comportamento depressivo
  • falta de energia
  • distanciamento e/ou isolamento
  • eficácia profissional reduzida
  • autoavaliação pessimista
  • baixa performance

Como lidar com o burnout? Confira 10 dicas

De início, lidar com o burnout exige uma abordagem em “3 Rs””:

  1. Reconhecimento. Fique atento aos sinais de alerta e sintomas recorrentes.
  2. Reversão. Desfaça o dano buscando apoio e gerenciando o estresse.
  3. Resiliência. Torne-se mais resiliente, cuidando de sua saúde física, mental e emocional. 

Aqui vão algumas dicas práticas para superar o burnout:

  1. Busque apoio nas pessoas próximas

Abrir-se com as pessoas que você ama, seu cônjuge, sua família, seus amigos, não faz de você um peso para eles, pode estar certo disso. Ao contrário, a maioria das pessoas que se importam com você ficará contente em saber que você confia nelas e isso servirá para fortalecer seus laços. 

  1. Seja sociável com seus colegas 

Uma relação amigável com seus colegas de trabalho pode ser muito proveitosa contra o burnout. Ter pessoas com quem bater papo durante o expediente ajuda a aliviar o estresse e melhora sua produtividade.

  1. Reduza o tempo com pessoas negativas

Pessoas tóxicas que não fazem nada além de reclamar são capazes de derrubar o seu humor e consumir a sua energia em pouco tempo. Limite o tempo que você divide com elas para o menor possível – mesmo que se trate de alguém muito próximo, como um familiar.

  1. Encontre propósito em seu trabalho

Procure focar no que o seu produto ou serviço é capaz de agregar à vida das outras pessoas. Além disso, descubra quais são os pontos positivos do seu trabalho e da empresa da qual você faz parte. A sua própria atitude é uma das formas mais eficazes de aumentar sua sensação de autonomia e controle. 

  1. Busque equilíbrio na sua vida

Se você não aprecia o seu trabalho, mas não tem opção de trocar nesse momento, então busque significado e satisfação em outras áreas da sua vida, para equilibrá-la. Pode ser junto à sua família, amigos, com algum hobby, trabalho voluntário, religião ou causa social.

  1. Tire um tempo off

Saia de férias, use as folgas a que tem direito, peça uma licença temporária se for necessário. Às vezes, o único jeito é manter-se distante por um tempo, para recarregar as baterias e recuperar-se do excesso de demanda.

  1. Separe um tempo para você

Técnicas de relaxamento, como ioga, meditação e atenção plena podem ativar um estado de sossego, capaz de ajudar na sua recuperação após um dia cheio. O mesmo pode acontecer se você praticar atividades físicas, hobbies e projetos divertidos, que não tenham relação com o seu trabalho.

  1. Durma bem

Uma boa noite de sono é essencial na luta contra o burnout. Sentir-se cansado exacerba a exaustão e a irritabilidade, que são alguns dos sintomas mais fortes desse fenômeno.

  1. Alimente-se direito

O que você consome tem impacto direto no seu humor e energia diários. Tente reduzir açúcares, carboidratos, frituras e substâncias como cafeína, nicotina, álcool, conservantes e hormônios.

  1. Busque ajuda profissional

Por fim, lembre-se: o burnout pode acontecer com qualquer um. Particularmente, eu tenho trabalhado demais desde o ano passado, visto que tenho me dedicado a vários projetos ao mesmo tempo (LUZ planilhas, Academia do Consultor, desenvolvimento de personalizadas, Sua Produtividade, Sustentabilidade Agora etc.). 

E, apesar de ser bem resiliente, tenho sentido o cansaço pesar mais em alguns dias. Não cheguei ao ponto de burnout ainda, mas tenho ficado de olho para equilibrar melhor as minhas demandas e não chegar nesse estado de desgaste. 

Entretanto, o  burnout não é fácil de perceber e pode ser complicado de ser diagnosticado até mesmo por um especialista. Caso você esteja sentindo que seu estresse está se tornando impossível de gerenciar, é interessante que você procure ajuda profissional, de um psicólogo ou psiquiatra, por exemplo, antes que os danos se tornem maiores.

Rafael Avila

Rafael Avila

Carioca, empreendedor, sócio fundador da LUZ, professor de Excel, consultor e um apaixonado por produtividade. Acredito no poder que temos de ser as nossas melhores versões todos os dias.

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