Você com certeza já experimentou o paradoxo da escolha quando foi comprar alguma coisa e se pegou parado diante de diversas prateleiras que lhe ofereciam tantas opções que você não soube nem por onde começar.

Esse paradoxo da escolha também aparece quando você está navegando na Netflix em busca de uma série ou filme para assistir, mas com tantas opções, acaba gastando mais tempo buscando do que assistindo alguma coisa de fato.

Embora pareça que a oferta de tanta variedade deixe suas compras mais empolgantes – e talvez deixe mesmo – ela também torna o processo de escolha mais estressante. Porque, quando existe apenas uma alternativa, você simplesmente fica com aquela, mas se há diversas, você fica com medo de fazer a escolha errada e se arrepender depois. 

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Entenda um pouco melhor como o paradoxo da escolha funciona.

O que é o paradoxo da escolha

O paradoxo da escolha não se aplica apenas para bens de consumo, como visto acima. Conforme os anos passam, às novas gerações vão se apresentando cada vez mais variedades de escolhas – de carreira, de hobby, de relacionamento, de cronograma, de alimentação, de valores, e tantos outros infindáveis exemplos.

Há tantas opções que, com frequência, nos percebemos nos perguntando se fizemos a escolha certa. Quando não há outra alternativa, nos sentimos (por incrível que pareça) mais confortáveis. Porque, caso algo não saia conforme o esperado, bem, não foi nossa culpa. Não havia outra escolha.

No entanto, quando havia outras opções e, depois de escolhermos, percebemos que não ficamos satisfeitos, então, há um sentimento de arrependimento e, mais que isso, de culpa, porque, no fim das contas, foi escolha nossa.

Escolhas são desgastantes para o nosso cérebro, elas exigem trabalho e esforço mental. Por mais libertador que um cardápio cheio de pratos possa parecer, a liberdade de não ter de pensar no que vamos comer, ao contrário, é muito mais libertadora.

O paradoxo da escolha, portanto, descreve que oferecer diferentes opções ao invés de simplesmente entregar a alguém o que ela precisa pode causar estresse e dificuldade na tomada de decisão.

Barry Schwartz escreveu sobre as consequências negativas de ter opções demais em seu livro O paradoxo da escolha: por que menos é mais, de 2004. Segundo o autor, a abundância de opções pode levar a ansiedade e insatisfação.

o paradoxo da escolha Barry Schwartz livro

Quem é Barry Schwartz

Barry Schwartz é um economista e psicólogo norte-americano, professor de Teoria Social da Swarthmore College, na Pensilvânia. Ele tem estudado profundamente as maneiras como a economia e a psicologia interagem em nossa sociedade, e como nossas escolhas afetam nossa felicidade.

o paradoxo da escolha Barry Schwartz foto

Assim, ele foi capaz de identificar que a gama de escolhas disponíveis (o paradoxo da escolha) hoje é muito maior do que a que tínhamos no passado. Entretanto, a nossa satisfação não aumentou na mesma proporção, como seria de se esperar.

Variedade de escolha costuma ser associada a liberdade. E a lógica é simples: ao invés de sermos forçados a ficar com uma única opção, ou mesmo escolher entre apenas duas, somos livres para eleger uma entre tantas. Essa liberdade ocasionaria, portanto, satisfação e contentamento.

No entanto, Schwartz percebeu que esse processo, ao contrário, vem fazendo com que fiquemos cada vez mais insatisfeitos com as escolhas realizadas, porque nunca estamos seguros de que tomamos a melhor decisão, daí o nome paradoxo da escolha.

Razões para insatisfação com muitas escolhas

Com os avanços sociais, científicos e tecnológicos, nos encontramos com cada vez mais variedade de escolha. Há centenas de opções de roupas, automóveis, aplicativos, cosméticos, alimentos e tudo o mais em que possamos pensar.

E, enquanto parece fácil escolher a opção A quando só há a B, fica muito mais complicado estabelecer o valor e a utilidade de A frente ao alfabeto inteiro. Como resultado, nos sentimos sobrecarregados e frequentemente insatisfeitos com a escolha feita.

Além disso, a internet e as mídias sociais tornaram ainda mais simples o acesso a todas as opções disponíveis no mercado, já que não é mais necessário que estejamos fisicamente presentes em um local para checar as possibilidades – até mesmo de relacionamentos, como os apps de encontros podem confirmar. Isso tudo vem exacerbando o paradoxo da escolha.

Schwartz ainda identificou que o paradoxo da escolha é mais complexo para algumas pessoas do que para outras. O estudioso afirma que há dois tipos de tomadores de decisão: os maximizadores e os satisfazedores (identificados nos anos 1950 pelo psicólogo Herbert A. Simon).

Os maximizadores são aqueles que buscam incessantemente a opção mais vantajosa, analisando exaustivamente as possibilidades e paradoxalmente ficando mais insatisfeitos com o resultado.

Os satisfazedores, por outro lado, são aqueles que param de procurar assim que encontram uma opção que lhes pareça adequada, sem perder tempo analisando demais e, normalmente, sem arrepender-se da escolha feita.

Schwartz acredita que o papel da psicologia e da economia comportamental é justamente encontrar os limites de escolha que sejam capazes de levar a um maior nível de felicidade na sociedade, de forma a aproveitar o que é positivo e evitar o que é negativo nessa “liberdade”.

5 formas de enfrentar o paradoxo da escolha

O paradoxo da escolha não é tão assustador quando estamos falando sobre a roupa que vamos usar na festa da fim de ano ou sobre a marca de smartphone que vamos comprar.

Mas ele pode ser um empecilho quando estamos lidando com escolhas de grande importância, tais como a carreira que vamos seguir, a empresa em que vamos trabalhar ou a pessoa que vamos contratar para nosso time. Então, para finalizar, aqui vão algumas dicas nesse sentido:

  1. Elimine o que você não quer

Às vezes é mais fácil tomarmos decisões baseadas na eliminação das opções que não queremos do que na definição daquilo que preferimos. Olhar para o pior cenário nem sempre é algo negativo. 

Você pode simplesmente avaliar o que lhe causa medo, aversão, ansiedeade, o que lhe parece mais arriscado ou menos interessante, e ir retirando essas alternativas da mesa. Isso vai reduzir as chances de você se arrepender da decisão tomada mais adiante. 

  1. Conheça seus valores

Faça suas escolhas baseadas nos seus valores mais intrínsecos. Pergunte-se: o que eu valorizo? Então, será mais fácil verificar que empresas, marcas ou pessoas compartilham desses mesmos valores, por exemplo. 

  1. Confie nos seus semelhantes

Você pode fazer algumas escolhas observando a opinião da comunidade ou de pessoas em quem você confia. Essa estratégia costuma funcionar melhor para questões que não sejam tão pessoais, tais como comprar um carro ou alugar uma casa. 

Inclusive, quando há opções demais disponíveis, e você simplesmente não consegue chegar a um denominador comum, você pode separar três alternativas e conversar com um amigo ou um familiar para ajudar na decisão. 

  1. Faça uma lista

Por vezes, simplesmente colocar suas opções no papel facilita o processo, ao transformar sua escolha em algo que você pode ver, manipular e controlar. Quando seus pensamentos estão diante de você e podem ser vistos, você consegue comparar opções com mais clareza.

  1. Dê-se um tempo

É exatamente o contrário de tomar uma decisão por impulso. Existem diversas técnicas e estratégias de marketing que justamente exploram a impulsividade do ser humano no processo de escolha e aquisição.

Para não “cair nessas armadilhas”, dê a si mesmo um tempo para refletir sobre o que você quer realmente. Isso melhora sua habilidade de análise e, consequentemente, de decisão.

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Rafael Avila

Rafael Avila

Carioca, empreendedor, sócio fundador da LUZ, professor de Excel, consultor e um apaixonado por produtividade. Acredito no poder que temos de ser as nossas melhores versões todos os dias.

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