O método feynman ou técnica feynman de estudos é um modelo de aprendizagem que em vez de focar na memorização de conceitos, nomes, datas e números, prioriza a compreensão profunda.

É um princípio básico que vai contra o modelo que 99% dos alunos de escolas do mundo precisa passar, o da decoreba e, por isso, gosto tanto dele.

Você já teve aquele professor que parecia saber tudo da matéria que ensinava, mas você simplesmente não conseguia entender por causa da linguagem que ele usava para explicar o conteúdo? Bem, isso não aconteceu apenas na sua escola.

Em Princeton, Richard Feynman começou a conectar tópicos que ele não entendia com outros que já eram de seu conhecimento, desenvolvendo um modelo mental capaz de converter qualquer informação em pensamentos concisos e linguagem simples.  

Suas anotações na faculdade deram origem ao que se conhece hoje por Técnica ou Método Feynman.

Quem foi Richard Feynman?

Richard Feynman (1918–1988) foi considerado um dos maiores físicos de todos os tempos. O seu trabalho permitiu que a ciência entendesse a interação entre a matéria e a luz, o que lhe garantiu um Prêmio Nobel em 1965. Também filósofo e intelectual, foi pioneiro nas ciências e conceitos da eletrodinâmica quântica e nanotecnologia.

No entanto, apesar de todas as suas descobertas e realizações, Feynman se descrevia simplesmente como uma pessoa comum que estudava muito, e, portanto, acreditava que qualquer um fosse capaz de aprender qualquer coisa, por mais complexa que fosse, desde que colocasse o esforço adequado no processo:

– Não existem pessoas milagrosas. Acontece que elas se interessaram por algo e aprenderam tudo.

A diferença de Feynman em relação aos seres humanos comuns, segundo ele próprio, estava na maneira sistemática com que ele identificava e traduzia aquilo que não sabia. Boa parte das suas observações a respeito desse sistema se transformaram no que hoje conhecemos como Método Feynman.

O que é o Método Feynman?

O método Feynman é um processo de quatro passos para entender qualquer tópico. Tal técnica rejeita a simples memorização, em favor de um processo ativo de seleção, pesquisa, descoberta, questionamento, tentativa e erro.

Conforme Feynman, se você não consegue explicar alguma coisa de maneira simples é porque você não a entende suficientemente. O método Feynman é baseado, como dito acima, em quatro etapas:

  1. Identificar o tópico a ser estudado
  2. Explicar o assunto para uma criança
  3. Preencher as lacunas de aprendizagem
  4. Criar uma explicação simplificada do assunto

1. Identifique o tópico a ser estudado

Pode parecer estranho colocar a identificação do assunto a ser aprendido como o primeiro passo. Você pode pensar que essa é a parte fácil. Mas, por vezes, a gente deixa a aquisição de conhecimento mais difícil do que deveria desde essa primeira etapa.

Explicando: você precisa reduzir o tópico a ser estudado o máximo possível, até que ele seja passível de ser esclarecido em uma única página (ou poucas). Se o tópico for abrangente demais, isso não será viável. Nesse caso, devemos quebrá-lo em diversos conceitos menores que possam ser abordados individualmente.

Por exemplo, você não irá estudar a ciência da evolução, mas, sim, seleção negativa, herdabilidade, fenótipos, mutação aleatória, isto é, o “macrotópico” será subdividido em tópicos menores e acessíveis.

2. Explique o tópico para uma criança

Você já ouviu aquela expressão que diz “quem ensina aprende duas vezes”? Conforme o método Feynman, a única forma de aprender totalmente um tópico é ser capaz de ensiná-lo a alguém, preferencialmente a quem não tenha a mínima noção do assunto, que lhe faça abordá-lo da forma mais simples possível – como uma criança.

Um erro clássico de aprendizagem é acharmos que aprendemos um tópico simplesmente porque lemos o artigo todo, ou porque fizemos anotações a respeito. Mas a verdade é que a gente apenas leu e tomou notas. E isso não é dominar a matéria. 

Se fôssemos ensinar outra pessoa, essas anotações não seriam capazes de dar conta do tópico completamente, afinal. Ao contrário, para ensinar alguém – ou nós mesmos –, podemos:

  • escrever um resumo com as próprias palavras, sem olhar as anotações;
  • explicar o tópico em voz alta;
  • debater o assunto com outra pessoa;
  • responder questionamentos de terceiros (online ou offline);
  • publicar uma resenha ou artigo a respeito;
  • dar uma palestra ou uma aula particular;
  • produzir um podcast ou um blog. 

3. Preencha as lacunas de aprendizagem

O aprendizado é um processo iterativo, isto é, envolve tentativa e erro. Portanto, voltar às fontes sempre que necessário é parte preponderante do método Feynman. 

É extremamente provável que surjam lacunas de aprendizagem durante o processo. Quando isso acontece, devemos revisitar nossas fontes de forma a sanar as dúvidas e solidificar a aquisição do conhecimento. 

E isso não é algo ruim, muito menos “perda de tempo”. Quanto mais iterações fizermos, mais profundamente seremos capazes de compreender o tópico. 

4. Crie uma explicação simplificada e analogias acessíveis

Todas as áreas do conhecimento têm seus termos particulares especializados. Embora alguns jargões sejam importantes, as explicações iniciais podem ser facilmente simplificadas por meio de linguagem e conceitos acessíveis, além de analogias mais claras.

Ainda que você se considere capaz de recordar os termos, lembre-se que memorização não é necessariamente compreensão. O palavreado mais complicado pode fazer com que a gente pareça mais inteligente, mas isso não colabora de fato com o aprendizado. 

Por que o Método Feynman funciona?

  • Porque evita que você engane a si mesmo: quando você precisa explicar um assunto, seja por escrito ou oralmente, você encontra lacunas no seu conhecimento. Ao aplicar o método Feynman, você transforma essas lacunas em ferramentas para obter informação e aprofundar o aprendizado.
  • Porque evita que você também engane os outros: se a sua explanação for muito complicada ou não fizer sentido, sua “audiência” não conseguirá entender. Como teste, peça para que seus ouvintes repitam o que você ensinou, com suas próprias palavras. Se eles não forem capazes, significa que você precisa simplificar ou completar sua exposição.
  • Porque você constrói autoconfiança: quando você verdadeiramente aprende algo, você percebe que é capaz de dominar qualquer assunto, e entende que pode buscar tópicos cada vez mais desafiadores, já que encontrou um processo de aprendizagem funcional.
  • Porque a aprendizagem vira um processo iterativo: ao invés de enxergar o aprendizado como um caminho com início e fim, o método Feynman lhe mostra que você pode manter-se constantemente atualizado e engajado no processo de aquisição de conhecimento.
  • Porque sua base de dados se expande: quanto mais aprendemos, maior se torna nossa capacidade de aprender. A primeira leitura de um artigo pode ser bastante maçante. A segunda já fica mais acessível. A terceira, com a base adquirida nas duas primeiras, permitirá que você enxergue nuances que passaram despercebidas anteriormente. 

Porque você adota o mindset de aprendiz: por último e talvez mais importante, o método Feynman lhe ensina a aceitar que você será um aprendiz durante toda a vida. Aprender exige tempo, paciência e humildade para entender que você não sabe – e isso não é um problema. Encare a página em branco e comece sua busca por conhecimento!

Rafael Avila

Rafael Avila

Carioca, empreendedor, sócio fundador da LUZ, professor de Excel, consultor e um apaixonado por produtividade. Acredito no poder que temos de ser as nossas melhores versões todos os dias.

Deixe uma resposta